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Inovação: o diagnóstico é mais importante do que o prognóstico

A competitividade e o sucesso de uma empresa estão intrinsicamente ligados à capacidade de inovação. Ou seja, na competência de encontrar novas maneiras para fazer as mesmas coisas, porém, de forma mais sustentável.

No entanto, a perda de energia e de recursos na busca pela inovação pode ser grande. Aqui vale aquela máxima: o diagnóstico é mais importante do que o prognóstico. Isto é, o levantamento de dados baseados em evidências.

Aliás, uma das grandes contribuições da Filosofia para a Administração é o princípio da dúvida sistemática ou da evidência. De acordo com René Descartes (1596-1650), criador da filosofia moderna, não devemos aceitar como verdadeira coisa alguma até que se saiba como evidência que aquilo é realmente verdadeiro.

Com a dúvida sistemática, evitamos a precipitação. E isso é muito comum quando se busca soluções sem o devido aprofundamento das reais e comprovadas causas do problema. É o famoso meter os pés pelas mãos.

O mundo dos negócios passa por rápidas e profundas transformações e constantemente surgem novas ferramentas de

gestão. Então, não tem mais problema que não posse ser resolvido! É só aplicar o Planejamento Estratégico, o Mapa Estratégico, Balanced Scorecard (BSC), Modelo de Avaliação e Melhoria de Performance Empresarial…

Visão crítica e imparcial

Não é bem assim. É evidente que, se utilizadas de forma adequada, essas e outras ferramentas podem trazer grandes oportunidades de melhorias para as organizações. Porém, desde que sob uma visão crítica e imparcial da empresa.

É fato também que as empresas buscam sempre ter profissionais qualificados em seus quadros. No entanto, quando se fala de imparcialidade no diagnóstico dos problemas o olhar externo e não “contaminado e influenciado” é fundamental.

Por isso, para auxiliar no processo de gestão, muitas empresas buscam no ambiente externo o conhecimento especializado de um consultor. Assim, garantem a tão necessária visão crítica e imparcial.

Separando o joio do trigo no celeiro das verdades

O papel do consultor deve ser o de ouvir todas as verdades da empresa, pois cada nível hierárquico tem a sua própria verdade. O CEO tem uma verdade, os membros da diretoria têm suas verdades e os gestores nos diversos níveis têm as suas. Assim como o pessoal da linha de frente, que também tem a sua verdade. Até mesmo os clientes têm suas verdades.

O consultor precisa saber ouvir a todos e, no final, construir a sua própria verdade, baseada em suas percepções e experiência profissional. Numa empresa varejista, por exemplo, a verdade mais próxima da realidade é sempre a do pessoal de venda e a dos clientes.

Por isso, o consultor precisa trabalhar baseado em evidências e sempre que possível com dados mensuráveis. Suas propostas de melhorias devem ter o mínimo possível de questionamento, pois contra fatos não há argumentos.

Outra grande vantagem de ouvir todos os envolvidos no processo é que fica muito mais fácil de implementar as mudanças, já que serão construídas de forma compartilhada com as pessoas envolvidas. Essas mudanças do processo de gestão podem ser globais ou para apenas para alguma área específica.

Engajar, compartilhar e implementar

Como o processo de consultoria envolve transformações, que normalmente exige mudança de comportamento das pessoas, demanda muita paciência e persistência. Sendo assim, quanto maior o envolvimento e comprometimento das pessoas envolvidas, melhor será́ a implementação das mudanças. Propor mudanças é fácil, o difícil é implementá-las.

O sucesso do trabalho de consultoria depende de três fatores fundamentais:

· Liderança forte: (vontade política de fazer), a alta administração da empresa precisa comprar a ideia e validar as alterações. Sem isso a mudança não acontecerá de forma satisfatória;

· Método de Gestão: (papel do consultor), o consultor precisa adotar as ferramentas e métodos de gestão mais adequados à realidade e cultura da empresa;

· Conhecimento do Negócios: (o pessoal da empresa) o consultor precisa ouvir quem conhece o negócio em si. Sem conhecer a essência do negócio ou da área da empresa objeto do trabalho de consultoria, o resultado estará condenado ao fracasso.

Qualquer trabalho de consultoria deve ter como foco principal melhorar o processo de gestão, visando tornar o negócio sustentável. Um negócio sustentável precisa ter os seus clientes satisfeitos. Para ter os clientes satisfeitos, precisa ter os funcionários satisfeitos. Como também, a empresa precisa dar lucro para satisfazer os acionistas e precisa conviver de forma harmoniosa com a sociedade onde atua.

O sucesso do trabalho de consultoria está́ na busca constante do equilíbrio. Ou seja, satisfação dos anseios dos clientes, dos funcionários, dos acionistas e da sociedade na qual a empresa está inserida.

Afinal, para que serve a tal da inovação?

Uma boa definição de inovação foi feita pelo cientista Albert Einstein que diz: “Não há maior sinal de loucura do que fazer a mesma coisa repetidamente e esperar, a cada uma, resultado diferente.”

Inovação no meio empresarial significa a exploração de novas ideias para melhorar os negócios, criando vantagens competitivas (aquilo que empresa tem e que o concorrente não tem e que vai demorar a ter) e gerando valor no negócio.

Pela própria definição podemos concluir que a inovação não está restrita às grandes empresas nem às empresas de tecnologia avançada. Todas as empresas podem inovar, basta pôr em prática ideias e métodos diferentes que resultem em novos produtos ou processos inovadores. No Brasil, as micro, pequenas e médias empresas enfrentam hoje uma concorrência jamais vista. O que faz da inovação um ponto nevrálgico e estratégico.

Existem diversas possibilidades de inovar no dia a dia empresarial, dentre as quais podemos destacar:

Inovação em Produto (bens e serviços) quando há mudança na forma no que se faz ou melhoramento significativo de produtos já existentes. Exemplo: venda na loja física x venda pelo e-commerce.

Inovação de Processos – quando há mudança no como se faz. Aprimorar ou desenvolver novas formas de fazer, melhorando processos para aumentar receita e reduzir despesas.

Inovação Organizacional – quando são adotados ou desenvolvidos novos métodos de gestão, seja no local de trabalho ou nas relações da empresa com o mercado (clientes e fornecedores).

Inovação em Marketing ou Modelo de Negócio – quando são adotados ou desenvolvidos novos métodos de marketing e comercialização, com mudança significativa na concepção do produto, no design ou sua embalagem, no posicionamento do produto no mercado, em sua promoção ou formação de preço. Esta é a parte da inovação mais adotada pelo varejo, juntamente com a inovação por processo

Sem o diagnóstico correto, não há inovação

Um processo de inovação exige muito estudo, planejamento e organização para sua introdução. Normalmente, os gestores da empresa, envolvidos nos seus processos operacionais, não dispõem de tempo. Além disso, muitas vezes não têm experiência nesse tipo de trabalho o que prejudica a sua implantação.

Aliás, existem seis variáveis estratégicas que podem afetar o desempenho de qualquer empresa. Elas podem ser usadas no trabalho de consultoria para identificar em quais variáveis a empresa tem mais necessidade de melhorar.

São elas:

· Estrutura: como a empresa está departamentalizada? Se as atribuições de cada departamento estão claramente definidas e se existe ou não conflitos entre as áreas de atuação de cada departamento;

· Pessoas: são recrutadas, selecionadas, treinadas e desenvolvidas de acordo com os objetivos estratégicos da empresa? A base de remuneração está de acordo com o mercado no qual a empresa atua? A rotatividade (turnover) é alta em relação aos concorrentes?

· Tecnologia: a tecnologia adotada pela empresa está de acordo com os seus concorrentes? Atende plenamente as necessidades da empresa? Contribui de forma efetiva para a melhoria da gestão e da melhoria de experiência de compra do cliente?

· Tarefas: todos os processos da empresa estão mapeados? São constantemente atualizados? São simples e eficazes?

· Ambiente: o ambiente no qual a empresa opera, quais são os fatores externos que afetam de forma direta as atividades da empresa? Como a empresa se relaciona com o esse ambiente para minimizar seus efeitos sobre os resultados da empresa?

· Competitividade: o mercado, no qual a empresa atua é muito competitivo? A empresa consegue ser competitiva no mercado?

Por tudo isso, é recomendável que a empresa contrate uma consultoria especializada para desenhar o processo inovador que deseja implantar. E não apenas isso: que depois de concluído, ela também auxilie os gestores com a implantação.

Juedir Teixeira – Doutor em Administração (Ph.D.), mestre em Gestão Estratégica de Negócios, consultor da área de Gestão de Negócios, palestrante, conselheiro do Conselho do Varejo – CDV da Associação Comercial de São Paulo e autor do livro “Gestão Estratégica de Negócios: Métrica de avaliação de Desempenho Organizacional”, da editora Gramma