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Valor & Preço: a garrafinha de água no deserto

Vou começar cotando uma estória ou poderia ser uma história, também: Vamos falar de uma garrafa de água. Quanto custa uma garrafa de água de 500 ml no supermercado? Uns R$ 1,50. Quanto custa essa mesma garrafa de água em uma lanchonete, vendida gelada? R$ 3,00. Se estivéssemos em um show (ufa, já podemos novamente), quanto custaria? R$ 5,00 ou até R$ 10,00. E se por uma fatalidade estivéssemos em um deserto sem beber água por um dia e aparecesse um vendedor de garrafa de água gelada de 500 ml, quanto pagaríamos por ela? Muito ou tudo, seria a resposta. 

O investidor e filantropo americano Warren Buffett explica: “o preço é o que você paga, o valor é o que você leva”. 

No exemplo da garrafa de água, temos preços diferentes para o mesmo produto por conta da experiência, do serviço agregado, da comodidade, da concorrência (ou falta dela), da escassez etc. A percepção de valor faz o preço variar em até sete vezes da garrafa do supermercado para a do show. Imagine para a garrafa no deserto… Certamente, milhares de vezes. 

No entanto, é um assunto que ainda não foi totalmente entendido pelo pessoal de vendas, pois o cliente sempre usa a estratégia de falar do preço logo na primeira reunião. Ele faz isso na esperança de diminuir o apetite do vendedor por margens mais altas, em muitas vezes! 

Na hora de negociar, é muito importante ter claro a diferença entre os dois. Se o vendedor não acreditar no valor do seu produto, solução e/ou serviço, vai ter de sacrificar o seu preço e margens. 

Um bom negociador estará preparado para responder e defender a estratégia de precificação da sua empresa. A educação em vendas e negócios dará ao vendedor a sustentação para defender o valor do seu produto e deixar o cliente satisfeito com a aquisição e o preço pago. 

Se você atua com produtos, solução e/ou serviços com alta tecnologia, com alto grau de diferenciação e exclusividade, a sua estratégia está voltada para o valor. Isso não deve ser esquecido nunca. Todos na empresa devem estar preparados para defender essa estratégia, principalmente os departamentos de marketing e vendas. 

Para a maioria das empresas não é possível ter produtos de alto valor agregado e o menor preço do mercado. Por mais que saibamos disso, quando o cliente parte agressivamente para baixar os preços, isso causa o maior dos medos em vendedores que não estão preparados para defender o valor do seu produto, solução e/ou serviço. 

Algumas falas comuns de clientes e nossas também: “não venha com preço alto, pois se for assim eu não vou comprar” ou “nós somos uma empresa pequena, não temos condição de pagar preços muito altos” e por aí vai… 

Uma forma de diminuir esse “stress” do preço, será falar para o futuro cliente: “o preço não será o impeditivo para o fechamento do negócio”. Isso diminui muito o ímpeto do futuro cliente em pressionar o vendedor sobre o preço. E no final das contas, não dissemos que vamos diminuir o preço e nem que vamos dar descontos. 

As pesquisas apontam que, na maioria dos negócios, o preço não está entre as três variáveis mais importantes na hora da compra. Porém o seu mito assusta muito ainda. 

Nós não podemos/devemos “comoditizar” os nossos produtos, serviços e soluções. Imagine e reflita sobre as seguintes perguntas:  

  • Contratamos qualquer advogado? 
  • Contratamos qualquer contador? 
  • Contratamos qualquer dentista? 
  • Almoçamos em qualquer lugar?  
  • Viajamos por qualquer cia aérea?  

Então, nosso produto, serviço e solução, não deve ser “qualquer um”. Você precisa valorizar o seu portfólio e os serviços agregados, tais como: atendimento, entrega, garantia etc. 

O erro mais comum é tentar vender os produtos premium para clientes que buscam o menor preço. Nesse ponto, marketing e vendas estão falhando. Cabe a esses departamentos analisar e avaliar o potencial dos clientes. 

Os produtos de maior valor agregado não podem ser trabalhados sem o coeficiente de consultoria. O preço deve ser a última parte a ser discutida. Por experiência própria de muitas décadas em vendas, quando o preço aparece muito rápido, ele não sai mais das discussões. Até aparecer o preço, somos todos “amigos” nas negociações. Eu já perdi esse “medo”, pois é uma certeza: o cliente vai falar que não paga esse preço, nem que a “vaca tussa”. 

Quando o cliente chama você e diz que não pagará aquele preço, que o seu preço está bem acima da concorrência, o que tem por trás, na maioria das vezes? Tem um interesse muito grande e a sua proposta não está fora ou muito fora, pois se estivesse, ele não chamaria para conversar.  

O cliente só compra por três motivos basicamente:  

  1.  Desejo
  2.  Necessidade 
  3.  Problema

Para a grande maioria de nós, o desejo não entra na história. Então nos sobra:  trabalhar muito bem a necessidade do cliente, que em muitas vezes, ele ainda desconhece. Bem como o problema, que geralmente vem acompanhado de uma “carnificina” de preço, pois se ele tem noção do problema, ele vai ao mercado cotar.  

Qual a melhor solução para a venda dos produtos de maior valor agregado? 

Primeiro, temos que selecionar os clientes que têm a necessidade do nosso produto e quais segmentos e indústrias compram o produto, solução e/ou serviço. 

Depois, temos que selecionar entre todos os elencados aqueles que percebem melhor os diferenciais dos nossos produtos, soluções e/ou serviços. 

Por último, temos que ter uma estratégia de abordagem compatível com a expectativa dos clientes. 

Imagine que, na percepção dos seus futuros clientes, “garrafinha de água” é o seu produto, solução e/ou serviço. Ou seja, é isso vai determinar a sua estratégia de precificação. 

Bons negócios com muito valor agregado.

Marcel Spadoto – Especialista em Desenvolvimento de Negócios na Claro Pay, sócio-fundador da iBluezone, membro-fundador e mentor da Sociedade Brasileira de Netweaving (SBN) e membro do Conselho do Varejo e do Conselho Diretor da Distrital Sudeste da Associação Comercial de São Paulo. 

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