Cada vez mais comum é o fato de ouvirmos sobre as mudanças no varejo, na forma de o consumidor interagir com as marcas e tudo o mais.
De fato, se analisarmos as transformações que a sociedade passou a conviver com o surgimento dos smartphones/celulares, inegavelmente muitas transformações vêm ocorrendo. E em alguns setores, facilidades ou mesmo mudanças definitivas estão ocorrendo. Entre elas, a forma com que nos relacionamos com os agentes bancários. Algumas instituições nem sequer têm agências físicas, mas contam com um número muito grande de clientes.
Isto não quer dizer exatamente que o mundo vai virar 100% digital, ao menos no curto prazo. Porém, quando olhamos especialmente o VAREJO, entendo que isto de fato não acontecerá, pois sempre teremos a necessidade da interação com as pessoas. Pode até ser que uma vertical passe a ser mais digital do que outras, em especial, aquelas onde a experiência não esteja envolvida.
Por isso, reitero mais uma vez que os pequenos negócios, quando bem estruturados, com suas lojas bem arrumadas, produtos bem cuidados e principalmente um atendimento muito bem-feito, de preferência com o cliente sendo reconhecido, chamado pelo nome, estará sempre em vantagem em relação ao grande varejista.
Estive recentemente em uma viagem a trabalho na Europa, mais especificamente na Alemanha, onde pude visitar nada menos do que 60 estabelecimentos, sendo boa parte deles de pequeno porte. O ponto que chamou a atenção foi o fato de estas lojas terem sempre um responsável que olhava por tudo e buscava dar a atenção ao cliente o tempo todo, se preocupando com sua satisfação.
Todas estas lojas visitadas tinham uma disposição das mercadorias de forma impecável, com informações claras dos preços e variedade. Em alguns casos, até produtos exclusivos, geralmente de produção artesanal.
Além de fazer o visitante se encantar, ficou claro o fato de ser um comércio local, onde os clientes de vizinhança eram a maioria dos consumidores. Algo muito natural e amigável, pois o varejista além de oferecer os produtos que o cliente necessita, também oferece um ambiente agradável e um atendimento quase que personalizado. Receita perfeita para ser replicada em qualquer varejo do mundo.
Um outro ponto que me chamou a atenção nesta viagem é que nestes estabelecimentos de menor porte, a tecnologia não tomou conta do lugar. Está basicamente em pontos estratégicos para uma boa gestão, como no sistema de frente de caixa. Em nenhum destes comércios que visitei havia apps exclusivos, muito menos robôs dando boas-vindas, etc…
O que me deixa certo de que o varejo em si é algo comum, independentemente do local em que é praticado, ou seja, as necessidades e oportunidades são basicamente as mesmas. Porém um ponto que o Varejo Brasileiro ainda precisa ajustar e com muita urgência, em especial o de pequeno porte, é justamente nos processos e nos controles. Bem como na gestão, onde é fundamental a implementação de sistemas que facilitem o gerenciamento do caixa (com a efetiva separação do dinheiro que é do empreendedor e do que é da empresa); na gestão de estoque, entre outros.
Como sugestão hoje, em especial para o pequeno varejo, é que os empreendedores fortaleçam cada vez mais o relacionamento “pessoal” com seus clientes. Busquem atender suas demandas e suas necessidades. No entanto, implementem de imediato os sistemas necessários. Temos inúmeras tecnologias que são muito acessíveis para que possam fazer a gestão correta de seus negócios. Assim, certamente passarão a ter melhores resultados, seus próprios clientes passarão a perceber isto, ficarão ainda mais satisfeitos e podem até mesmo a indicar o estabelecimento para amigos. Dessa forma, teremos naturalmente o comércio de bairro sendo ativado. Contudo, se os varejistas de bairro não estiverem com condições de atender adequadamente, os clientes irão para mais longe para terem o que buscam…. a sua satisfação!
IMAGEM: Pixabay
Ronald Nossig –Sócio e mentor da VAREJO180, Conselheiro Deliberativo da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), membro do Conselho do Varejo – CDV e do Conselho de Inovação – CONIN da Associação Comercial de São Paulo – ACSP, e membro da Governança do Comércio de Londrina