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Mais de 9 mil lojas são abertas na capital paulista em 5 meses

De dezembro de 2021 a maio deste ano, foram abertos 9.116 estabelecimentos comerciais na cidade de São Paulo. O número total de lojas ativas subiu de 181.626 para 190.742, ou 5%.

Na comparação com o mesmo mês do ano passado, são 21.636 lojas a mais e, com dezembro de 2020, são 29.746 a mais.

Em dezembro de 2020 havia 160.996 lojas ativas na capital paulista e, em dezembro de 2021, 181.626.

Os números são do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica da Receita Federal e foram levantados por Fábio Bentes, economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio).

Como a maior parte dessas empresas são micro e pequenas, tudo indica que pessoas que perderam o emprego durante a pandemia, diz Bentes, correram para abrir um negócio.

A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua) confirma. De dezembro de 2021 a maio deste ano, o número de empregadores no país subiu 6,5%.

Setores

De acordo com os dados de pessoa jurídica da Receita Federal, a expansão do número de lojas foi puxada por um setor essencial, o varejo de gêneros alimentícios.

O número de lojas deste setor subiu 5,9%, de 36.982 para 39.146, de dezembro do ano passado a maio deste ano. São, portanto, 2.164 lojas a mais na cidade de São Paulo.

O comércio de informática e comunicação é o segundo que mais cresceu em número de lojas ativas, 5,8%, de 11.940 para 12.630.

No setor de vestuário, calçados e acessórios, a expansão foi de 5,7%, com 1.705 estabelecimentos a mais na cidade. O número passou de 29.891 para 31.596.

O setor de farmácias e perfumaria elevou o número de lojas de 11.732 para 12.305, ou 573 lojas a mais no período. E o de material de construção, de 17.534 para 18.164, ou 630 a mais.

No ambiente atual, com inflação e juros em alta, maior endividamento das famílias e economia com baixo crescimento, a pergunta que fica é se essas novas empresas vão se sustentar.

Mortalidade

Relatório do Sebrae de 2020 que avaliou a “Sobrevivência das Empresas Mercantis Brasileiras” revela que a taxa de mortalidade de empresas do comércio é de 30% em cinco anos.

De cada 100 empresas que abrem no setor, portanto, 30 desaparecem em até cinco anos. Considerando todos os outros setores de atividade do país, a taxa é menor, de 23%.

Em outra pesquisa de campo feita entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, com cerca de 3 mil empreendedores, o Sebrae buscou identificar o perfil deles e as razões para o fim dos negócios.

De acordo com o levantamento, 41% dos empreendedores que abriram um negócio eram funcionários de empresas privadas e 37%, autônomos sem empresa constituída.

Eles tinham alguma experiência ou conhecimento do ramo de atividade em que entraram? 73% dos entrevistados com empresa aberta responderam que sim.

Dos empreendedores que já haviam fechado o negócio, 67% informaram que sim.

Plano de negócio

Eis aí um ponto que exige atenção de quem quer abrir um negócio, de acordo com Carolina Fabris, coordenadora de pesquisa do Sebrae-SP.

Antes de abrir uma empresa, diz ela, é preciso montar um plano de negócio, conhecer os fornecedores, os concorrentes, as mercadorias. Se não, a possibilidade de mortalidade é alta.

Outro ponto importante, diz ela, é o relacionado aos custos de produtos e serviços.

O levantamento do Sebrae identificou que, no caso das empresas abertas, 85% dos entrevistados dominavam a planilha de custos e, no caso das fechadas, 74%.

A procura por fornecedores de qualidade e preços estava no radar de 87% dos empreendedores de empresas abertas e de 78% daqueles com empresas encerradas.

O aperfeiçoamento de produtos para atender às necessidades dos clientes era preocupação de 92% dos empresários com empresas abertas e de 78% daqueles com empresas fechadas.

“Se a sua empresa está aberta, preste atenção ao mix de ações de marketing, inovação, perspectivas financeiras, que são os pilares para os pequenos negócios”, afirma.

Controlar fluxo de caixa, atrair clientes e inovar processos, de acordo com Carolina, têm de estar na ordem do dia das empresas de qualquer tamanho.

As orientações do Sebrae-SP para os empreendedores parecem básicas, mas quando alguém perde o emprego e precisa se virar para ter renda, diz ela, não se pensa em planejamento.

“A pessoa começa a fazer bolo, entra numa rotina, ficando sem tempo para planejar o negócio. Buscar um momento para organizar a empresa faz toda a diferença no longo prazo”, diz.

Em um ambiente econômico desfavorável, como o de agora, todo o cuidado na gestão do negócio se torna ainda mais importante.

Sondagem do Sebrae-SP feita em maio mostrou que a inflação tem sido problema para 82,5% dos microempreendedores individuais (MEIs) e para 67,6% dos pequenos empresários.

Os itens com maior pressão de custos, de acordo com eles, são combustíveis, energia elétrica, matérias-primas e mercadorias para revenda