Ao longo da minha carreira tenho convivido com varejistas de todos os portes e com startups. Seja com quem eu estiver conversando, percebo o desejo de crescer, evoluir, fazer cada vez mais. Executivos querem ampliar o negócio de suas empresas, investidores desejam encontrar melhores oportunidades e gestores também cultivam seus sonhos de ter sua independência.
O “sonho de ser dono” é algo que deve ser cultivado em cada um de nós. É o que nos dá uma visão mais ampla do mercado, permite analisar as situações de uma ótica diferente (“o que eu faria se tivesse o poder de decisão?”) e cria colaboradores, executivos e empreendedores melhores. Nunca desistir, sempre buscar alternativas, considerar novas opções a todo momento e, ao mesmo tempo, definir com precisão sua identidade.
É um desafio incrível!
Acompanhando as jornadas empreendedoras e fazendo meu próprio “empreendedorismo interno”, percebo que todo negócio começa muito pequeno, mas tem o potencial de se tornar gigante. Porém, do pontapé inicial ao sucesso estrondoso e capas de revista, acontece uma jornada que depende de diversos fatores.
Sem querer fazer um “guia de tudo o que você precisa ter para chegar ao sucesso”, notei que, não importa o tamanho do negócio, para “chegar lá” é preciso contar com alguns ingredientes:
1) Qual é sua razão de existir?
Muita gente chama isso de “propósito”, a tal ponto que a palavra já está até ficando um pouco desgastada. Toda empresa precisa ter uma razão de existir, e essa razão não é apenas gerar riqueza para o dono. É claro que toda empresa tem que gerar lucro, mas, para o cliente, isso não importa. Se a única razão para ele fazer negócio com você for o dinheiro, você vai perder espaço rápido.
Isso porque os clientes buscam algo mais no relacionamento com as empresas: senso de pertencimento, defender uma causa, ajudar alguém, contribuir para melhorar o mundo ou a vida das pessoas. Quem consegue posicionar seu negócio como uma resposta a isso fica em vantagem.
2) Resolva problemas
Esse ponto tem a ver com a questão do propósito, mas é mais pragmático. Enquanto o propósito define causas e grandes objetivos, a solução de problemas faz parte do dia a dia. Uma loja de materiais de construção vende casas pintadas, enquanto uma loja de computadores conecta as pessoas ao mundo. A solução dos problemas passa pela compra dos produtos ou serviços que você vende.
3) Planeje, mas seja flexível
Os dois primeiros pontos são bastante estratégicos, mas agora vamos avançando para o tático. Uma vez que você tenha definido o propósito e os problemas que irá solucionar, é preciso planejar o caminho para o sucesso. Mas, ao contrário do que acontecia no passado, planejar é cada vez mais difícil.
O mundo é incerto e volátil demais para termos certeza de qualquer coisa. Você fazia ideia de que uma pandemia faria todo o varejo fechar as portas e obrigaria milhões de pessoas a fazer home office? É, eu também não. Existem muitos fatores externos ao negócio que podem tornar seu planejamento obsoleto.
Então não precisamos de planejamento, certo? Errado! Como disse o Gato Risonho de Alice no País das Maravilhas, se você não sabe para onde vai, qualquer caminho serve. Todo negócio precisa saber aonde chegar. O que não dá para prever com antecedência é qual o caminho para chegar lá.
Por isso, o planejamento precisa ser feito, mas deixando espaços para adaptações ao longo do caminho. Como dizia Darwin, não é o mais forte que sobrevive, e sim o que melhor se adapta às mudanças.
4) Comece pequeno e escale rápido
Como consequência desse mundo instável, o melhor caminho para crescer é usar o “livro de receitas” das startups. As empresas nascentes do mundo de tecnologia testam constantemente e estão sempre aprendendo. Experimentam diversas possibilidades em pequena escala e, quando percebem que uma delas funciona, aí sim apostam suas fichas.
Começar pequeno e escalar rápido o negócio não é tão simples assim. É preciso contar com uma estrutura tecnológica que viabilize essa expansão, por exemplo. Se o seu crescimento fica engessado por uma plataforma de TI que não dá conta do recado, seu negócio perde oportunidades.
Tecnologia é um assunto estratégico para o crescimento dos negócios. Seu sistema de gestão, por exemplo, precisa ser descomplicado. Pequenos negócios não têm tempo, pessoas e dinheiro para desperdiçar com sistemas difíceis: simplicidade é essencial para crescer.
5) Sempre existem alternativas
No passado, a vida de um pequeno negócio era bem mais difícil. As soluções tecnológicas, por exemplo, eram infinitamente mais caras, o que já criava uma desvantagem logo de início. Hoje, soluções de software as a Service (SaaS) dão acesso a recursos de gestão, processamento de pagamentos, logística e muitos outros a partir de assinaturas mensais, que facilitam o uso e a troca de sistemas.
O mesmo acontece em diversas outras áreas do negócio. Na área financeira, hoje as fintechs oferecem soluções que os bancos tradicionais não tinham interesse ou capacidade de ofertar. Com isso, os pequenos varejistas podem ter acesso rápido e simplificado a soluções de administração financeira, controle de contas a pagar e receber, crédito e investimentos que antes estavam muito distantes.
Criar um negócio do zero continua sendo uma aventura. É um desafio que ninguém consegue vencer se não se dedicar de corpo e alma. Mas hoje existem modelos de gestão, tecnologia e finanças que ajudam os empreendedores a crescer mais rapidamente. Então aproveite para vender mais e transformar seu sonho em realidade!
IMAGEM: Pixabay
Caio Camargo – Especialista em varejo e tecnologia, LinkedIn Creator, escritor, colunista e palestrante